A importância da estratégia na área da saúde

A importância da estratégia na área da saúde

O mundo está ficando mais ágil, mais dinâmico, as mudanças estão cada vez mais comuns. A idade média de um diferencial competitivo caiu de 30 anos em 1984, para 5 anos em 2014. Há quem diga que isso reduz a importância do planejamento e reforça o valor do improviso. Discordo!

Mintzberg, autor muito respeitado no âmbito da gestão, demonstrou em suas obras “Safari da Estratégia” e “Ascensão e queda do Planejamento Estratégico” que a gestão da estratégia nas organizações não pode se limitar ao aspecto formal. Muito da estratégia nas organizações deriva do aprendizado, da capacidade de errar e aprender, de buscar elementos na operação para retroalimentar a estratégia.

No entanto, não há dúvida de que quem consegue olhar para o futuro alcança resultados mais concretos antevê riscos. É por isso que eu digo que entre o mapa e o terreno, fico com o WAZE.

Na área de saúde esta questão me parece ainda mais importante. Não adianta agir sem compreender os fenômenos que transformam o nosso sistema de saúde. Transição demográfica, transição epidemiológica, incorporação de tecnologias (muitas vezes cumulativas), reflexos da crise econômica e política, entrada de capital estrangeiro, aumento do nível de exigência dos clientes…estes são fenômenos que não podem ser desconsiderados em nenhuma organização.

“Se um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável”, já dizia Sêneca.

Vejam só as evidências de que a falta de planejamento repercute negativamente sobre o sistema de saúde.

O fato de o sistema de saúde no Brasil se formatar de maneira fragmentada, em consequência de uma municipalização excessiva e da herança de anos de um sistema de saúde desorganizado fez com que tivéssemos muitos hospitais de pequeno porte, sem condições de apresentar escala e escopo necessários para uma boa prestação de serviços de saúde.

O fato de não organizarmos o modelo de atenção de forma coerente com os problemas de saúde (tripla carga de doenças) fez com que tivéssemos um modelo reativo e pouco resolutivo em relação às chamadas “condições crônicas”.

Ainda é tempo pra mudar. Não advogo aqui por processos formais e complexos de planejamento. Isso é bobagem. O SUS já tem uma previsão de planejamento normativo (Decreto 7508/2011, Lei Complementar 141/2012) que não representam avanços, por que só geram compromisso com “planos de gaveta”.

O que precisamos é de discutir estratégia no âmbito da saúde, formalizar minimamente algumas intenções, comunicar as equipes a estratégia definida e abusar de aprender (estratégias emergentes).

Assim iremos avançar. Fora isso, condeno qualquer radicalismo. Condeno quem acha que um plano resolve os problemas do mundo. Mas condeno ainda mais quem acha que a solução é fazer sem analisar, refletir e projetar o futuro. Extremos são sempre problemáticos, Na dúvida, entre o mapa e o terreno, fique com o WAZE. Dinâmico, atual e resolutivo…como deveria ser o planejamento na área da saúde.

 Autor: FRANCISCO TAVARES JÚNIOR – Especialista em Planejamento Estratégico e em Gestão por Processos